RECORD Fazendo uma análise à sua época, é opinião generalizada que não tem estado ao nível da temporada anterior. Concorda com esta visão? Se sim, porquê? MIGUEL VELOSO É um facto. A época não tem sido tão boa como a anterior mas as equipas agora já conhecem melhor o futebol do Sporting e, concretamente, o meu. Tenho vindo a sofrer marcações individuais. Isto não serve de desculpa mas os adversários têm vindo a dificultar ao máximo o meu rendimento. No entanto, posso garantir que vou continuar a trabalhar para chegar ao nível que atingi no ano passado e, se possível, ainda melhorar.
R Pensa que pode estar a pagar a factura da última época? Ou seja, agora os adversários já montam as respectivas estratégias mais atentos à sua influência? MV Sim, é normal. Quando defrontamos outra equipa, fazemos tudo para analisá-la ao pormenor. Isso também acontece em relação a nós e tem vindo a acontecer esta época. Mas vou continuar a trabalhar cada vez mais para que possa progredir e ajudar o Sporting.
R Mas percebe-se pelo que diz que valoriza esse aspecto das marcações individuais. MV Basta ver o caso do jogo contra o Beira-Mar, na quarta-feira. Até quando ia para a bandeirola de canto vinha um jogador atrás de mim. É certo que tem acontecido mais esta época. Se calhar no ano passado ninguém me conhecia porque vinha da 2.ª Divisão B; este ano já conhecem o meu estilo e o do futebol do Sporting. Portanto, julgo que acaba por ser algo normal.
R Sente que existe um défice de confiança? Por vezes parece que está desmotivado ou desanimado. MV Não, desmotivado não. Mas talvez sofra um pouco de falta de confiança porque vejo que, às vezes, as coisas não saem tão bem como saíam e fico um pouco triste pela equipa, pelos resultados que têm vindo a acontecer e pela ajuda que não tenho conseguido dar ao Sporting. Daí, às vezes, o moral estar em baixo e a confiança não estar tão alta como no ano passado. Isso afecta um pouco.
R E o que é que pode fazer para recuperar essa confiança e chegar ao nível do ano passado? MV O Miguel vai voltar! Isso posso garantir com toda a certeza! Se calhar já vou um pouco tarde mas... nunca é tarde. Vou tentar fazer o meu melhor para ajudar o Sporting.
R Acredita que estas dificuldades podem ser mais um passo na sua aprendizagem? MV Sim. Muitas vezes, aquilo que é fácil não nos ajuda a crescer e a evoluir. É com as coisas difíceis que podemos aprender mais e é isso que tem vindo a acontecer. Na última época tivemos coisas bastante boas; neste momento estamos a atravessar uma fase menos boa, uma crise, e vamos aprendendo com isso. Dá-nos mais maturidade. Penso que isso também tem contribuído para o meu desenvolvimento.
R Tem sido, portanto, uma época de muita aprendizagem, rodeada de tantas dificuldades. MV Sim, penso que sim.
R As críticas dos adeptos também têm feito parte dessa aprendizagem? MV É normal os adeptos darem a sua opinião, têm todo o direito de o fazer, mas nós também temos o direito de lhes dizer que ficamos tristes por as coisas não nos estarem a sair tão bem e por os resultados não aparecerem. Queremos sempre o melhor para o Sporting! Infelizmente isso não se tem verificado, e é isto que gostava que as pessoas percebessem: também ficamos tristes como eles!
R A contestação das claques mexeu muito com o balneário? MV Mexe sempre, claro que mexe um pouco. Torna-se mais fácil dar a volta à situação quando estamos todos juntos.
R Na fase mais difícil, após a derrota em Braga, vários jogadores salientaram que o balneário estava unido. Mas nos últimos tempos têm-se sucedido episódios que contrariam essa ideia, concretamente as declarações de Liedson e Stojkovic e a saída de Carlos Freitas. Como é que os jogadores têm reagido? O balneário está realmente unido ou as dificuldades estão a criar divisões? MV Não. O balneário está muito unido e cada vez mais forte para o que vem aí.
R Mas existe mesmo uma ditadura no Sporting, como Liedson terá sugerido? MV Ditaduras? Já não há ditaduras! Se o Liedson disse isso, têm de esclarecer essa questão com ele. Na minha opinião, não há ditadura nenhuma.
R E a saída de Carlos Freitas, que impacto teve junto da equipa? MV Teve impacto, naturalmente. O Carlos é uma pessoa que os jogadores gostavam, uma pessoa que dava confiança ao grupo. Decidiu sair mas a vida continua.
R Outro dos episódios que marcou a recente fase negativa foi a troca de palavras entre o presidente Soares Franco e o técnico adjunto do Manchester United, Carlos Queiroz, tendo o Miguel como tema de fundo Como é que você, tendo sido o motivo dessa frente de polémica, acompanhou este processo? Foi algo que contribuiu também para alguma instabilidade a nível pessoal? MV Creio que não. Às vezes prefiro abstrair-me um pouco de tudo e desse tipo de situações O presidente falou o que quis com Carlos Queiroz. Cabe-lhe a ele decidir e eu só tenho de trabalhar e tentar dar o meu máximo dentro de campo para ajudar o Sporting. Cá fora, cabe às outras pessoas decidirem o que quiserem...
R Soares Franco, em recente entrevista a Record, quando falava sobre si, dizia que um bom jogador é aquele que todos os anos faz uma época melhor do que a anterior. Como é que interpreta esta declaração? MV Considero que é uma forma de motivação, um desafio. O presidente, nas alturas difíceis, veio sempre dar força ao grupo e isso é sempre importante.
R Ao mesmo tempo, Paulo Bento continua a dizer que os jogadores mais jovens devem ser protegidos. Por exemplo, na última época, quando você já era titular, esteve alguns jogos no banco. Sentem-se protegidos pelo treinador? MV O mister tem sempre a preocupação de proteger os jogadores mais jovens e é isso que ele tem feito. Da minha parte, só tenho de agradecer a ele e à equipa técnica.
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Adoro-te Miguel Veloso!!!!! Amo-te p'ra sempre João Moutinho!!!!!!!!!!